Um Ano com São José

No passado dia 8 de Dezembro, mediante um decreto da Penitenciaria Apostólica, o Papa Francisco promulgou um Ano Jubilar em honra de São José. Fê-lo por ocasião do 150º aniversário da proclamação deste grande santo enquanto Patrono da Igreja Universal, pelo Papa Beato Pio IX.

Assim, este é um ano de graça para as famílias (re)descobrirem a pessoa de São José que, como no-lo recorda o decreto Quemadmodum Deus de 1870, não só viu Jesus, “mas com Ele conviveu e com paterno afecto abraçou e beijou; e além disso, nutriu cuidadosamente Aquele que o povo fiel comeria como pão descido dos céus para conseguir a vida eterna”. Propomos como meio para as famílias reforçarem a sua devoção a São José, a meditação do magistério que lhe diz respeito, ao qual faremos referência nos parágrafos que se seguem.

No já referido decreto Quemadmodum Deus, o Papa Pio IX começa por nos recordar um outro José, filho do Patriarca Jacob e “superintendente de toda a terra do Egipto para guardar o trigo para o povo”. Assim como este foi escolhido para cuidar do povo de Deus, São José também foi eleito para guardar os “seus tesouros mais preciosos”, o próprio Jesus e Nossa Senhora. Naqueles tempos em que, como hoje, a Igreja era “atacada de todos os lados pelos inimigos”, o Papa Pio IX declarou São José como Patrono da Igreja Católica, confiando a mesma à sua protecção.

Em 1889, na sua encíclica Quamquam Pluries, o Papa Leão XIII afirmava ser “de grande importância que a devoção a São José se introduza nas práticas diárias de piedade dos católicos”, afirmando que a sua dignidade, santidade e glória advém do facto de ser esposo de Maria e pai adoptivo de Jesus. Diz Leão XIII que, tendo presente a grandeza do vínculo matrimonial, São José pôde participar, “mediante o pacto conjugal, na excelsa grandeza” de Nossa Senhora, a mais perfeita de todas as criaturas de Deus. Que poderoso intercessor têm as famílias em São José, em especial os esposos que nele podem ver um exemplo perfeito de “amor, de paz e de fidelidade conjugal”.

Mais tarde, o Papa S. João XXIII declarou São José enquanto Padroeiro do Concílio Ecuménico Vaticano II, na carta apostólica Le Voci, de 1961. Nela, o Papa João XXIII refere-se à “suave e amável figura de S. José, o augusto esposo de Maria”, recordando que, ao contrário de Nossa Senhora, “permaneceu durante séculos e séculos em seu característico apagamento, um pouco como figura de ornamento no quadro da vida do Senhor”. Após recordar, numa autêntica atitude de acção de graças, o justo lugar atribuído a São José na Igreja através do magistério dos Papas desde Pio IX, João XXIII faz suas as palavras proferidas por Pio XI em 1928: “a pessoa e a missão de s. José que (…) passam apagadas, silenciosas, como que despercebidas e ignoradas, na humildade, no silêncio, silêncio que não devia iluminar-se senão mais tarde, silêncio ao qual deveriam suceder, e muito alto, o grito, a voz, a glória nos séculos”. Com S. João XXIII, devemos também dar graças por ter na Igreja um tão poderoso intercessor junto de Deus, São José, cuja santidade passa despercebida, à semelhança de tantos pais de família de todas as épocas.

Mais recentemente, em 1989, São João Paulo II publicou a sua exortação apostólica Redemptoris Custos, sobre a figura e a missão de São José na vida de Cristo e da Igreja. Neste documento, o Santo Padre afirmava que “o silêncio e as atitudes de São José falam mais alto e mais eloquentemente que qualquer discurso que a sua boca poderia articular”. É um verdadeiro modelo para os pais de família que, tal como São José, devem fomentar uma vida interior fecunda e de profunda intimidade com Nosso Senhor, colocando a cada momento a sua consciência diante de Deus para melhor dirigir a vida familiar. “O sacrifício total, que José fez da sua existência inteira, às exigências da vinda do Messias à sua própria casa, encontra a motivação adequada na «sua insondável vida interior (…); dela lhe decorrem também a lógica e a força, própria das almas simples e límpidas, das grandes decisões»”. São José, que com solicitude atendeu às ordens do Anjo do Senhor, é para nós um poderoso intercessor para tantas e variadas decisões de família (também o Papa Francisco, como chefe da família que é a Igreja Católica, recorre a São Josépara a tomada de decisões).

Finalmente, na Carta Apostólica Patris Corde publicada no passado dia 8 de Dezembro, o Papa Francisco refere que “todos podem encontrar em São José – o homem que passa despercebido, o homem da presença quotidiana discreta e escondida – um intercessor, um amparo e uma guia nos momentos de dificuldade”. Como são adequadas estas palavras aos tempos de privação em que vivemos. O Santo Padre também refere de forma tão bonita a ternura de São José, referindo que “como o Senhor fez com Israel, assim ele ensinou Jesus a andar, segurando-O pela mão: era para Ele como o pai que levanta o filho contra o seu rosto, inclinava-se para Ele a fim de Lhe dar de comer”, e ainda que “Jesus viu a ternura de Deus em José: «Como um pai se compadece dos filhos, assim o Senhor Se compadece dos que O temem» (Sal 103, 13)”. Possam os pais de família viver esta ternura com seus filhos.

Estas são apenas algumas ideias que decorrem deste magistério recente mas sem dúvida grandioso, sobre São José. Esperemos que possa servir de luz para melhor viver este ano jubilar, na esperança de que o Glorioso São José seja invocado em todas as casas como Patrono de cada família.

 Mafalda e Vasco Almeida Ribeiro

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