«Alegria na fidelidade»

Testemunho do António Barreiro

No quarto Domingo da Páscoa, em que a Igreja celebra o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, olho com comoção para esta enorme graça que é o facto de Deus nos chamar. Deus chama-nos a todos. Primeiro, chama-nos à santidade, à plenitude do amor. E depois, de forma concreta, única, pessoal, chama cada um a uma vocação específica, feita à medida do nosso coração.

Olho para o matrimónio dos meus pais e vejo o amor de Deus descer e dar forma à concretude de uma família onde recebi a vida e a fé. Olho para o sacerdócio dos Padres que me foram acompanhando – os Priores que tenho conhecido em Alcobaça, a minha terra de origem; o Padre Mário Rui, que me recebeu em São Nicolau com insuperável amizade e generosidade; e também os meus formadores no Seminário – e descubro um reflexo ímpar da caridade divina. E olho para tantos amigos meus, que percorrem hoje os caminhos do namoro e do matrimónio, que entraram no Carmelo, no noviciado da Companhia de Jesus e noutras formas de vida religiosa e consagrada ou que, como eu, estão no Seminário. Cada uma destas vocações guarda ainda a frescura da madrugada, a novidade do primeiro encontro. Cada uma traz em si a grandeza de um chamamento pessoal, que pede uma resposta e que quer derramar-se pelo mundo para mostrar a outros a infinitude do amor de Deus.

Em Setembro de 2019, quando arrumei as malas para entrar no Seminário, movia-me uma grande vontade de ser fiel a Deus e de descobrir os Seus planos para a minha vida. Não vim para o Seminário para fugir do mundo, mas para seguir o Senhor.

Quase dois anos volvidos, olho para trás, para tudo o que deixei para trás, e sei que não trocaria por nada este caminho de discernimento que agora percorro. Nada do que eu pudesse fazer com a minha vida – nenhum triunfo pessoal, nenhum assomo de poder, nenhuma carreira de sucesso – seria mais importante do que aquilo que aqui estou a fazer: descobrir a vontade de Deus a meu respeito, e encontrar em mim os recursos necessários para a seguir fielmente. O que posso hoje testemunhar é a profunda alegria que sinto por estar no Seminário.

Quando esteve em Fátima, em 2010, o Papa Bento XVI disse-nos que «a fidelidade é o nome do amor no tempo». E o Papa Francisco, na sua Mensagem para este Dia Mundial de Oração pelas Vocações, pede-nos que façamos da nossa vida «uma contínua adesão às grandes opções». Peço-vos, por isso, que rezem por mim, para que eu saiba ser, nos mais pequenos aspectos da minha existência quotidiana, fiel à Igreja, fiel a Cristo, fiel ao amor de Deus.

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