Igreja de Nossa Senhora da Oliveira
Padroeira
Ao que tudo indica, há uma história comum entre a lisboeta Ermida de Nossa Senhora da Oliveira e a conhecida e importante Igreja de Santa Maria da Oliveira de Guimarães, a partir da qual esta invocação se disseminou por todo o país.
Certo é que a Oliveirinha foi fundada pelo casal vimaranense Clara Geraldes e Pero Esteves, em meados do século XIV. Ora, em 1342, para comemorar a vitória na Batalha do Salado, o mercador Pero Esteves, residente em Lisboa, fez erguer um cruzeiro em frente à Igreja da Colegiada de Santa Maria de Guimarães, instituída por D. Afonso Henriques onde existia já desde o século X um mosteiro fundado pela Condessa D. Mumadona Dias. Nesse já vetusto largo, uma velha e seca oliveira recuperou então a vida e reverdeceu passados três dias, milagre que provocou grande devoção, disseminando-se a partir daí a invocação a Nossa Senhora da Oliveira, tornada orago da igreja por D. João I, que a mandou reedificar em 1387, cumprindo um voto após a Batalha de Aljubarrota. Terá sido, pois, o mesmo Pero Esteves a mandar edificar nos seus terrenos de Lisboa uma ermida dedicada à mesma Senhora, poucos anos depois, edificando-lhe até, segundo algumas descrições, um cruzeiro defronte.
Representada com as mãos, postas, a Senhora da Oliveira inspira à oração e lembra a acção revivificadora da graça de Deus.
História
Popularmente conhecida por “Oliveirinha”, o diminutivo revela à partida duas características desta igreja: por um lado, o afecto devocional que em si concentra; por outro, a pequenez e a simplicidade da sua traça, de uma recatada discrição, uma vez que está quase imperceptivelmente integrada num prédio da reconstrução pombalina.
A invocação da padroeira veio de longe, mais precisamente de Guimarães, tendo sido a ermida primitiva fundada por um casal de mercadores vimaranense Clara Geraldes e Pero Esteves em meados do século XIV. A sua edificação anterior ao Terramoto de 1755 situava-se no lado sul do antigo adro da Igreja de São Julião, sendo uma das ermidas do centro da cidade mais belamente ornadas, mercê da devoção que albergava.
Desgastada pelo tempo, em 1646, o chão da ermida foi adquirido pela Irmandade dos Confeiteiros, que a reedificou. Destruída pelo terramoto de 1755, foi, com a de Nossa Senhora da Vitória, das únicas ermidas reedificadas na Baixa pombalina, a partir de 1762. Na sua discretíssima configuração exterior, o convite a entrar numa igreja cristã é feito sobretudo pelos elementos que rematam o portal: a inscrição identificativa no friso e o simples frontão com brônzeos ramos de oliveira e cruz no vértice.
Na Igreja de Nossa Senhora da Oliveira esteve sediada por dois períodos (1816-1855, 1935-1943) a Paróquia de São Julião, em cuja igreja medieval, segundo a tradição, foi baptizado Pedro Julião, o único papa português, com o nome de João XXI.
Património
Na nave, destaca-se a pintura do tecto de feição barroca em trompe l’oeil, de Pedro Alexandrino de Carvalho, representando ao centro a Assunção de Nossa Senhora, ladeada por friso decorado com medalhões e balaustrada, como que abrindo e enquadrando a partir do plano terreno o plano superior celeste.
Nas paredes laterais em painéis de azulejo setecentistas, estão representadas cenas da vida da Virgem Maria. Assim, no sentido da entrada para a capela-mor, encontramos, do lado do Evangelho (esquerdo), o “Nascimento da Virgem”, a “Apresentação da Virgem no Templo” e o “Casamento da Virgem”; no lado da Epístola (direito), a “Anunciação do Anjo”, o “Nascimento de Jesus” e a “Fuga para o Egipto”. Atente-se, ainda, no coro com balaustrada, em talha pintada e dourada, bem como no púlpito. A completar o programa decorativo, marmoreados oitocentistas no registo superior das paredes, particularmente ladeando o arco triunfal.
Na peanha que ladeia o arco triunfal do lado do Evangelho, encontra-se uma imagem que concorre em carinho e veneração com a da padroeira: Santa Rita de Cássia, provinda da extinta Igreja de São Julião e, antes, da Igreja do Convento de Nossa Senhora da Boa Hora. No dia da sua festa, as ruas da Baixa enchem-se anualmente de piedade popular.
Na Capela-mor, o tecto, apresenta uma simples pintura decorativa ostentando o medalhão central a representação do Espírito Santo e ladeada por anjos e motivos vegetalistas, obra de Pedro Alexandrino. O retábulo, de feição rococó, envolve a pequena imagem de Nossa Senhora da Oliveira, com as mãos postas, paradigma da representação da Senhora da Oliveira. Nos nichos que a ladeiam, Santo António e Santo Elói. As três imagens, em madeira policromada, sobreviveram ao terramoto. Nas paredes laterais da capela-mor, têm continuidade os painéis de azulejos setecentistas, figurando a “Dormição” e a “Assunção de Nossa Senhora”. Também decerto pré-terramoto, ainda que de data e autor desconhecidos, é o interessante painel com a representação da Senhora da Oliveira que se encontra sobre o arcaz da sacristia.